TAP? "Que há crime político e económico na privatização, não há dúvida"
- 18/11/2025
"Que há crime político e que há crime económico naquela falcatrua de 2015, que foi a privatização da TAP, não há nenhuma dúvida sobre isso. Pelos vistos, há mais do que crime político e económico e vamos esperar", disse hoje Paulo Raimundo.
O comunista falava à margem de uma ação de contacto com os trabalhadores da Salvador Caetano, em Vila Nova de Gaia, e recordou os contornos da privatização da companhia aérea.
"Que se faça as buscas, que se identifique, porque nós já tínhamos constatado que a TAP foi comprada com o dinheiro da TAP, os aviões da TAP foram comprados com o património da TAP, [não houve] nenhum investimento de quem supostamente comprou a TAP. E, portanto, investigue-se o que é para investigar", declarou.
A TAP, o Grupo Barraqueiro e a Parpública estão hoje a ser alvo de buscas da PJ, com vários meios de comunicação social a apontar alegados crimes na privatização concluída em 2015.
A Procuradoria-Geral da República confirmou, em setembro do ano passado, a receção do relatório da Inspeção-Geral das Finanças sobre a privatização da TAP, em 2015, e enviou o documento para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
O inquérito em causa foi aberto em fevereiro de 2023 e resultou da participação efetuada por Fernando Medina e Pedro Nuno Santos, então ministros das Finanças e das Infraestruturas e Habitação (PS), respetivamente.
Em meados de outubro de 2022, Pedro Nuno Santos revelou que a administração da TAP tinha pedido uma auditoria por suspeitar estar a pagar mais pelos aviões do que os concorrentes e que o Governo encaminhou as conclusões para o Ministério Público.
Um dos temas mais abordados na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Tutela Política da Gestão da TAP, em 2023, foi o dos chamados fundos Airbus, um negócio feito pela sociedade DGN, liderada por David Neeleman, com a fabricante de aviões, que implicou a anulação de um contrato anterior para o 'leasing' de 12 aviões A350, e a concretização de um novo para a aquisição de 53 aeronaves de outra gama.
No âmbito desse negócio, a Airbus providenciou créditos de capital à DGN, no valor de 226,75 milhões de dólares (195,5 milhões de euros ao câmbio atual), para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway.
Ao longo das audições da CPI, vários deputados foram questionando os depoentes sobre qual o conhecimento que tinham da operação, considerando que a capitalização da TAP em 2015 foi feita com verbas da própria companhia.
O consórcio Atlantic Gateway -- composto pelos acionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa -- venceu a privatização da TAP, concretizada na reta final do Governo do PSD/CDS-PP, operação que foi parcialmente revertida em 2015, pelo executivo de António Costa (PS).
Naquela altura, a tutela política da TAP era da responsabilidade do atual ministro Miguel Pinto Luz, que era então secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações.
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